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domingo, 6 de dezembro de 2009

Leituras XVI


"Deus Existe?", Este livro transcreve o debate entre Joseph Ratzinger, atual Papa Bento XVI, na época prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e Paolo Flores d'Arcais, filosofo e diretor da MicroMega. Apesar do título do livro, a questão sobre se Deus existe ou não não foi tocada, pelo menos não de forma direta, ficando o debate na periferia sobre a interpretação do que é a verdade, de como a igreja se apropriou como detentora desta verdade e sobre a questão entre fé e filosofia,

Paolo alega que a igreja apregou que tem um conhecimento filosófico e possui a verdade, porém pelo seu entendimento a "verdade" da igreja não é uma verdade racional, que possa ser demonstrada filosoficamente e sim uma questão de fé, que é irracional e "loucura" para o mundo.

Ratzinger afirma que a fé realmente é algo importante e vital para o cristianismo, mas há sim um fator racional e intelectivel na religiosidade que podes se apropriar e ser demonstrado na filosofia.

Como disse a discussão ficou nesta periferia, claro importante, mas não se debateu a questão colocada como título do livro.

Considero que esta discussão entre crentes e ateus é profundamente inócua e infrutífera. Do ponto de vista materialista e científico mais restrito sou obrigado a concordar Deus não existe, explico :

Materialmente não há como provar Deus. Neste aspecto concordo com Kant, e não vou entrar aqui em um debate profundo sobre a questão, mas apenas levantar algumas linhas de argumentação, que como qualquer argumentação sobre Deus está fadada a ser falha.

A ciência se preocupa em provar os fenômenos materiais baseada na existência, e existência para a ciência é o material, o que se pode provar pelos sentidos ou através da matemática. O conceito de Deus ou melhor o Ser de Deus não se limita a esta materialidade, sei que pode ser um conceito circular, mas é um conceito baseado na fé, assim como certas premissas básicas da matemática se provam pelo seu próprio conceito (ponto, reta, etc) e toda a estrutura desta ciência está baseada nestas premissas... Ao observarmos Deus dentro deste aspectos, podemos dizer que pelo conceito ciêntífico e materialista Deus não existe, e para a ciência tem que ser assim memo, a ciência não pode limitar as respostas para suas questões afirmando ser intervenção de Deus, essa é uma premissa da própria ciência.

Bem a fé é isto que extrapola a ciência, não se limita e aceita as suas premissas básicas baseada em uma declaração Deus existe, no sentido metafísico, Fé é a certeza de coisas que não vemos..., é irracional, sim, mas ao mesmo tempo é racional se não limitarmos o racional apenas ao intelecto que efetua formação e conceitos de lógica, a arte também em muitos aspectos é irracional e assim mesmo se apropria de alguns conceitos lógicos, simetria, proporção etc..., e é assim mesmo reconhecida como uma das provas da racionalidade e do espírito humano.

Voltando ao texto as respostas de Ratzinger no meu ponto de vista foram pálidas e pouco contundentes, porém Paolo efetuou agumas argumentações também baseadas em premissas, um tanto quanto frágeis, se não totalmente inadequadas, por exemplo na pg 74 quando citou que " A ciência, segundo suas mais recentes descobertas, diz que houve uma evolução no Universo que não estava estabelecida a priori, que podia ter seguido outros caminhos." e continua " Um dos mais importantes cientistas e divulgadores, Stephen Jay Gould, identificou pelo menos sete momentos cruciais da evolução, desde o big bang até o surgimento do homem, nos quais a evolução podia tomar direções totalmente diferentes, e diz, se houvesse tomado - e não havia nenhuma probabilidade a favor da direção que tomou, podia ser outras - nós não estariamos aqui falando sobre isso." Ora, está é uma declaração completamente favorável a um orientador do universo, e não ao contrário , a maior prova da não existência de Deus seria se o universo no seu desenvolvimento desse em nada ao invés da formação desta estrutura que possibilitou a existência humana, a pergunta é o que levou um universo que teria muito mais chances em dar em nada, de dar nesta estrutura que temos hoje? Esta argumentação de Paolo do meu ponto de vista é extremamente frágil, e Ratzinger não fez nenhum observação a este respeito...

Uma das mais fortes e presentes argumentações dos ateus, que em qualquer discussão é recorrente, é sobre a questão do mal.

Sobre esta questão já falei alguma coisa no meu post "Sobre o ateísmo, e a liberdade de Deus." que é claro não é uma argumentação rigorosa sobre o mesmo, mas apenas para complementar o fato do mal existir não prova que Deus não existe.

Bem, vou parando por aqui... este assunto é por deveras longo, mas de qualquer forma continuo achando este debate entre crentes e ateus dois debates entre fé de lados opostos...


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