Não gosto de discutir sobre a questão do ateísmo... já discuti muito e aparentemente essa discussão não leva a nada. Já fui ateu, até perceber que era ateu por fé, assim como ser crente também é por fé. Mas esta manhã acordei pensando um pouco sobre os argumentos que geralmente os ateus levantam em uma discussão com crentes.
Primeiro argumento: Não se pode provar que Deus existe.
Não vou perder tempo com isso. De fato não podemos provar cientificamente, dentro do conceito materialista da ciência, que Deus existe. Apesar que, se observarmos pelo conceito Kantiano de juízos analíticos e sintéticos , podemos levantar um juízo analítico da matéria como algo existente, e como tal criada, i.e quando olho a natureza parece-me natural a pergunta inerente de como e quem a criou, e se nos aprofundarmos mais entraremos nas cinco vias de Aquino, e não é isso que desejo.
A minha argumentação é muito mais intuitiva do que intelectual, é uma verdade simples que qualquer um pode, e facilmente compreende. Olhando ao meu redor o mundo e o universo, me parece, assim como pareceu a grande maioria dos seres humanos que já viveram neste planeta que há um criador. Esse argumento é o mesmo que o filósofo Charles Peirce utiliza e afirma que é um grande argumento negligenciado. Somente para entender um pouco mais sobre o que estou falando, segundo Peirce, um argumento será qualquer processo de pensamento razoavelmente tendente a produzir uma crença definitiva; uma argumentação seria um argumento precedente de premissas precisamente formuladas. Por sua vez, a crença será uma ideia arraigada, um hábito de comportamento.1
Não pretendo entrar em questões de experiências religiosas, para não ter que tratar pelo prisma da fenomenologia, portanto para mim basta para este argumento as seguintes afirmações:
1. Não se pode provar cientificamente que Deus existe. Porém também não se pode provar cientificamente que Deus não existe. A opção de alguns filósofos de abrirem mão da metafísica para se aterem a respostas baseadas no materialismo é uma escolha hermenêutica para a leitura e compreensão do mundo, não uma verdade em si.
2. Basta-me a observação de que é muito mais intuitivamente compreensível crermos que o universo tem um criador do que a crença de que não há um criador para o universo.
Segundo argumento: Se Deus existe e é bom, como existe o mal? E como Deus não faz nada para acabar com o mal?
Vou começar respondendo a segunda pergunta: Deus não pode acabar com o mal. Simplesmente pelo fato de que o mal existe de duas formas:
1. Pela ação do homem. É ponto pacifico para a maioria dos pensadores de que o ser humano é livre, ou seja, apenas ele é que decide por suas ações, e desta forma somente pode ser responsável por suas ações se for livre. Se entendermos que o homem foi criado para ser livre ele necessariamente tinha que ser criado com o livre arbitro e consequentemente escolher entre fazer o bem ou o mal.
Deus somente poderia acabar com o mal como opção de escolha pelo ser humano, se o criasse sem o livre arbitro e desta forma o ser humano não seria livre, e consequentemente não seria o ser humano.
2. Pelas consequências de fenômenos naturais. Este ponto pode ser sub-divido em dois:
a. Pelas consequências de fenômenos naturais causados pelo livre arbitro do ser humano. A natureza sobre e apresenta conseqüências daquilo que o homem faz no planeta. O efeito estufa é um exemplo de um fenômeno natural prejudicial ao homem que é causado pela própria ação do homem. Quando ocorre um desabamento de terra face ao desmatamento dos montes, isto é uma tragédia causada pelo livre arbitro do homem. Desta forma Deus não pode também impedir as consequências do mal feitas pela escolha do ser humano, de acordo com a premissa 1 acima e de acordo com a premissa b abaixo.
b. Pelas consequências dos fenômenos naturais simplesmente. Para o universo ser criado faz-se necessário que este seja gerido por leis físicas, químicas e biológicas. Para este universo se manter estas leis devem permanecer estáveis, variações nestas estruturas físicas implicariam em um universo diferente onde a vida não seria possível, logo estas “leis” são condições primárias para a criação. Desta forma qualquer modificação em fenômenos naturais pode causar outros tipos de desequilíbrios no planeta. Há a famosa frase que o bater de asas de uma borboleta na Malásia provoca uma tempestade no Estados Unidos... Quem leu um pouco sobre a teoria do caos entende o que estou dizendo. Logo conclui-se que a intervenção de Deus em fenômenos naturais em grande escala pode acarretar consequências piores que se imagina. A ação de Deus em fenômenos de grande escala poderiam acarretar em mudanças significativas e profundas na estrutura do planeta terra. Donde podemos concluir que essa ação é possível por Deus, mas não desejável.
Bem este é um pequeno resultado de uma divagação matutina, sem a presunção de ser um tratado teológico apenas algumas idéias, sem muito compromisso. Mas talvez valha a pena gastar um pouco mais de tempo com elas.
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1. Recomendo a leitura da matéria Um argumento negligenciado, revista Cult nr 131 e o livro Teoria do Método Teológico de Clodovis Boff, principalmente o capítulo 4 – A Racionalidade Própria da Teologia, a questão da razão hoje.
Primeiro argumento: Não se pode provar que Deus existe.
Não vou perder tempo com isso. De fato não podemos provar cientificamente, dentro do conceito materialista da ciência, que Deus existe. Apesar que, se observarmos pelo conceito Kantiano de juízos analíticos e sintéticos , podemos levantar um juízo analítico da matéria como algo existente, e como tal criada, i.e quando olho a natureza parece-me natural a pergunta inerente de como e quem a criou, e se nos aprofundarmos mais entraremos nas cinco vias de Aquino, e não é isso que desejo.
A minha argumentação é muito mais intuitiva do que intelectual, é uma verdade simples que qualquer um pode, e facilmente compreende. Olhando ao meu redor o mundo e o universo, me parece, assim como pareceu a grande maioria dos seres humanos que já viveram neste planeta que há um criador. Esse argumento é o mesmo que o filósofo Charles Peirce utiliza e afirma que é um grande argumento negligenciado. Somente para entender um pouco mais sobre o que estou falando, segundo Peirce, um argumento será qualquer processo de pensamento razoavelmente tendente a produzir uma crença definitiva; uma argumentação seria um argumento precedente de premissas precisamente formuladas. Por sua vez, a crença será uma ideia arraigada, um hábito de comportamento.1
Não pretendo entrar em questões de experiências religiosas, para não ter que tratar pelo prisma da fenomenologia, portanto para mim basta para este argumento as seguintes afirmações:
1. Não se pode provar cientificamente que Deus existe. Porém também não se pode provar cientificamente que Deus não existe. A opção de alguns filósofos de abrirem mão da metafísica para se aterem a respostas baseadas no materialismo é uma escolha hermenêutica para a leitura e compreensão do mundo, não uma verdade em si.
2. Basta-me a observação de que é muito mais intuitivamente compreensível crermos que o universo tem um criador do que a crença de que não há um criador para o universo.
Segundo argumento: Se Deus existe e é bom, como existe o mal? E como Deus não faz nada para acabar com o mal?
Vou começar respondendo a segunda pergunta: Deus não pode acabar com o mal. Simplesmente pelo fato de que o mal existe de duas formas:
1. Pela ação do homem. É ponto pacifico para a maioria dos pensadores de que o ser humano é livre, ou seja, apenas ele é que decide por suas ações, e desta forma somente pode ser responsável por suas ações se for livre. Se entendermos que o homem foi criado para ser livre ele necessariamente tinha que ser criado com o livre arbitro e consequentemente escolher entre fazer o bem ou o mal.
Deus somente poderia acabar com o mal como opção de escolha pelo ser humano, se o criasse sem o livre arbitro e desta forma o ser humano não seria livre, e consequentemente não seria o ser humano.
2. Pelas consequências de fenômenos naturais. Este ponto pode ser sub-divido em dois:
a. Pelas consequências de fenômenos naturais causados pelo livre arbitro do ser humano. A natureza sobre e apresenta conseqüências daquilo que o homem faz no planeta. O efeito estufa é um exemplo de um fenômeno natural prejudicial ao homem que é causado pela própria ação do homem. Quando ocorre um desabamento de terra face ao desmatamento dos montes, isto é uma tragédia causada pelo livre arbitro do homem. Desta forma Deus não pode também impedir as consequências do mal feitas pela escolha do ser humano, de acordo com a premissa 1 acima e de acordo com a premissa b abaixo.
b. Pelas consequências dos fenômenos naturais simplesmente. Para o universo ser criado faz-se necessário que este seja gerido por leis físicas, químicas e biológicas. Para este universo se manter estas leis devem permanecer estáveis, variações nestas estruturas físicas implicariam em um universo diferente onde a vida não seria possível, logo estas “leis” são condições primárias para a criação. Desta forma qualquer modificação em fenômenos naturais pode causar outros tipos de desequilíbrios no planeta. Há a famosa frase que o bater de asas de uma borboleta na Malásia provoca uma tempestade no Estados Unidos... Quem leu um pouco sobre a teoria do caos entende o que estou dizendo. Logo conclui-se que a intervenção de Deus em fenômenos naturais em grande escala pode acarretar consequências piores que se imagina. A ação de Deus em fenômenos de grande escala poderiam acarretar em mudanças significativas e profundas na estrutura do planeta terra. Donde podemos concluir que essa ação é possível por Deus, mas não desejável.
Bem este é um pequeno resultado de uma divagação matutina, sem a presunção de ser um tratado teológico apenas algumas idéias, sem muito compromisso. Mas talvez valha a pena gastar um pouco mais de tempo com elas.
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1. Recomendo a leitura da matéria Um argumento negligenciado, revista Cult nr 131 e o livro Teoria do Método Teológico de Clodovis Boff, principalmente o capítulo 4 – A Racionalidade Própria da Teologia, a questão da razão hoje.
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