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domingo, 27 de abril de 2008

Oniciência (parte I)

Introdução

Ao falarmos sobre Deus devemos que ter em mente inicialmente, que toda a racionalização que fazemos pode no máximo, apresentar-nos um vislumbre superficial dos seus atributos e manifestações, uma vez que sua grandiosidade ultrapassa qualquer entendimento humano.

Em face disto é que dependemos da sua revelação, mas mesmo assim, ainda não temos uma visão completa, e um entendimento total do ser de Deus.

Mas ainda que saibamos que pelo intelecto humano, nunca teremos mais que uma vaga sombra de Sua figura, mesmo assim, somos impelidos a pensar em nosso Criador, nossa alma se acalenta ao meditarmos em Deus.

É tendo isso em mente, de que nunca poderemos ter uma palavra final sobre o Ser de Deus, mas apenas um “continuum” aprofundamento deste entendimento, é que iniciamos nossa jornada para tentarmos compreender melhor um dos atributos de Deus: a Onisciência, principalmente em um aspecto mais específico deste atributo: a pré-ciência, e como podemos correlacionar com o conceito de futuro bem como as suas implicações para a responsabilidade do homem na construção deste mesmo futuro.

Como a cosmovisão da onisciência de Deus influencia na forma como encaro a minha responsabilidade como agente na sociedade e no mundo? Qual a minha responsabilidade com a construção do futuro de acordo com o que Deus quer? Tudo o que acontece está de acordo com a vontade de Deus?

As respostas a estas questões passam diretamente pela resposta da primeira delas: qual o conceito de onisciência, no que tange a pré-ciência? Dependendo da resposta a esta questão todas as outras assumem um direcionamento e todo um cabedal teológico pode ser formado com base na posição assumida.

Inicialmente cabe salientar, que sempre que encontramos novos questionamentos e novas possibilidades para o conhecimento de Deus a ortodoxia se mostra pouco à vontade, como que se qualquer nova possibilidade de um conhecimento do Ser de Deus que difira do fundamentalismo teológico fosse uma heresia, e a partir deste pressuposto fecha-se, e não admite sequer a discussão da teoria.

Entendo que este procedimento não é, nunca foi, e nunca será, benéfico para o rico debate teológico. A teologia necessita de renovação do pensar, a física do século XV, não é a mesma do século XXI, e nem por isso as leis da natureza foram violadas, mas sim melhores compreendidas pela evolução dos mecanismos de interpretação da ciência. Da mesma forma a evolução no entendimento da revelação de Deus contida na Bíblia, não invalida a Bíblia. O próprio Jesus apresentou conceitos e revelações da Palavra de Deus que feriam todo o entendimento que os mestres da Lei tinham na época. A Bíblia sempre vai ser a mesma.