Num dia desses, estava eu a divagar ante a magnitude e a grandiosidade do universo. Feito um grão de areia, estava eu ao relento da praia da imensidão que a tudo preenchia e transcendia. Na minha insignificância e nos meus poucos argumentos mentais, estava eu tentando tatear Deus, não através dos meus prévios conhecimentos e julgamentos de como e quem Ele supostamente seria. Queria saber, no secreto da minha alma, que é de fato Deus!
Ansiosamente esperava uma iluminação vinda do próprio céu, do próprio Deus. Uma resposta, uma experiência direta e objetiva que alimentasse a minha alma de provisão, entendimento espiritual que manteria minha existência como sendo necessária e com propósitos. Cansando que estava das maléficas insinuações mundanas sobre um Deus ausente e inativo, estava eu disposto em conhecer um Deus que é o mesmo ontem, hoje e eternamente, atuante.
Estava disposto em conhecer seus multiformes secretos desígnios sobre a funcionalidade do universo. A razão de eu ser e estar ali a contemplar e esperar resposta de tão elevado grau de profundidade de entendimento.
Mesmo estando eu ali, disposto em levar todo pensamento cativo a Cristo, as loucas vozes, mundanas, embebidas de vaidades insistiam em tentar me prender na ilusão da pressa e na razão do finito! A tempo descobri que, embora, pudesse utilizar todos métodos supostamente possíveis para alcançar tal grau de experiência e que ali estavam a minha disposição, a verdadeira forma de se conhecer o Deus transcendente e imanente é conhecê-lo na sua semelhança de natureza. Na natureza espiritual. Conhecê-lo em Espírito e em verdade. Permitir que Ele testificasse a meu espírito, revelando assim a sua verdade. Assim, aos poucos compreendendo mais o Deus eterno, contemplava-o com o rosto cada vez mais descoberto, com os véus sendo retirados aos poucos do coração, fui adentrado cada vez mais ao tabernáculo universal e ilimitado, o qual é preenchido por toda presença de Deus.
Ali, caminhando cada vez mais através do véu rasgado, fui encontrando o que minha alma carente tanto ansiava, vida, provisão, eternidade. A verdade ali revelada, o Jesus que ali conhecia mais intensamente mediante o Espírito, foi me confirmado, lentamente, a verdade que eu posso ter a mente de Cristo, a sua mente. Sendo assim, a vida de Cristo, na sua urgência em ver suprida as necessidades da ceara, que já esta pronta, me levou ao pico da extrema tristeza, em ver o quão pouco tenho feito pelo tabernáculo, pelo mundo provisório, que, até a volta de meu senhor bendito ainda há de permanecer, para depois disto, então, surgir à nova cidade celeste, a Nova Jerusalém! A tristeza e o pranto do Senhor Jesus, os mesmos, ao ver Jerusalém manchada de pecados e religiosidades aparentes, ali, me consumia. Faziam-me notar a cidade atual, o mundo, ao qual um dia adentrou Jesus para salvar, está saturado com as mais complexas e variadas formas de expressar sua rebeldia, contra o Senhor, nos mais grotescos e vis pecados. As lagrimas provindas de um coração que entendia o coração de Cristo, sentia a urgente necessidade de expressar o amor pragmático. Desprovido de orgulhos e hipocrisias. O amor funcional, aquele mesmo praticado pelo meu mestre, que ali, em Espírito me mostrava tais coisas. O mesmo Cristo, que não tinha onde reclinar a cabeça me mostra o quanto eu excessivamente estava buscando aquilo que não era meu, sem propósitos, sem ideais. O nobre Senhor, na sua essência de amor, me mostra que o que mais eu deveria desejar eram as riquezas celestes, insondáveis, aquilo que não entrou na mente e coração humanos! Quão ridículo e mesquinho me senti ante a nobreza desprovida de vaidades do meu Senhor, o qual sabia, que seu reino não era esse, que sua comida se consistia em fazer a vontade de Deus! Que o alimento que nos faz viver, é a vida com propósitos que nos faz caminhar. A experiência que ali tinha, me revelava que a satisfação e a plena realização da alma em Deus, não se constitui em elementos externos. A suficiência da revelação se constitui na manifestação da própria vida de Deus mediante seu Espírito Santo. A vida do Espírito Santo se torna o alimento, o agente, enfim o tudo e o todo. Talvez tenha sido essa a experiência continua do apostolo Paulo, quando diz “temos a mente de Cristo” e o “Espírito testifica com o nosso que somos filhos de Deus”. Para Paulo, o mundo era o palco, por onde a “fragrância de Cristo” se manifestava. O tabernáculo, o templo, com o véu, rasgado parecia ser, a própria terra, que segundo Salomão, ainda no Antigo Testamento, não podia conter a presença de Deus. A mente de Cristo e revelação do Espírito Santo, que testificava com o espírito de Paulo, faziam-no sentir a urgência de ver a Europa, o mundo, evangelizados. Para Paulo, o que importava era a manifestação de Deus através de seu frágil corpo, através de seu vaso, que continha a excelência da sabedoria.
Maciel
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