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sábado, 1 de agosto de 2020

Diário de Pesquisa I - Origens e influências do Cristianismo Primitivo



Hoje trabalhei na pesquisa para o texto que pretendo trabalhar que tem o título provisório de: 

 Oposição de Jesus ao Templo: Aproximações e Distanciamentos da concepção teológica da comunidade de Qumran 

Essencial para esta pesquisa está sendo o curso que estou fazendo, Os Manuscritos do Mar Morto - Arqueologia, História, Literatura e Religião da Universidade Hebraica de Jerusalém. Este curso será importante para entender o contexto judaico do século I e as divergências com o judaísmo sacerdotal do segundo templo, bem como com as demais linhas de interpretações judaicas na época de Jesus. 


Hoje especificamente não escrevi nada especificamente, nem trabalhei na exegese dos textos selecionados de Marcos 11 : 15-19 e os paralelos nos demais testamentos. Achei melhor ampliar a compreensão das concepções religiosas e suas possíveis influências no discurso de Cristo com relação ao templo. 



As pesquisas foram bastante frutíferas, dediquei-me basicamente nos estudos de dois livros: 


Das origens do Evangelho à Formação da Teologia Cristã  de Oscar Cullmann 


E Além da Hipótese Essênia - A separação dos caminhos entre Qumran e o judaísmo enóquico de Gabriele Boccaccini.  








sexta-feira, 5 de junho de 2020

A crise como sistema natural do desenvolvimento do cristianismo




"O cristianismo surge em um momento de crise, crise judaica de opressão estrangeira e de opressão interna, em uma sociedade extremamente segmentada. Surge em um ambiente de crise como esperança, como uma fé acessível, como uma mensagem de acolhimento, nasce como voz dos excluídos. Desenvolve-se em um ambiente hostil, em constante perseguição, novamente em locais de morte instituída pelo estado romano, mas, é nesta crise que o cristão preso, jogado aos leões coloca toda a sua esperança na transcendência e na persistência dos valores do Reino, é na crise que o cristianismo é relevante, é na crise que se faz a esperança cristã na promessa dos valores eternos. É na crise que o mundo pode compreender quais são os valores eternos, e na valorização da vida humana como criação à imagem e semelhança de Deus e que concede a todos indistintamente a dignidade alienável do ser humano acima de qualquer valor. "
ROHREGER, R

domingo, 17 de maio de 2020

Breves reflexões: Como a Bioetica pode auxiliar na discussão da pandemia. No dilema vida x economia?

Penso que a bioética tem um papel fundamental com relação a discussão relacionada a pandemia, uma vez que sua preocupação básica se dá com relação a dignidade humana e com o cuidado com a vida. O primeiro aspecto neste momento é com a prudência, em decorrência de várias questões. Estamos lidando com uma doença que ainda não sabemos toda as suas implicações biológicas, alguns aspectos novos tem surgido a cada dia, por isso é importante o cuidado na tomada de cada decisão com relação ao tratamento.

É uma doença a qual ainda não se tem uma medicação eficiente, tampouco uma vacina, por isso o máximo que se pode fazer é tentar potencializar uma resposta natural do corpo. Então a bioética entra nestas discussões de como o tratamento pode afetar o indivíduo como um todo, e como as políticas públicas podem ser mais eficientes com relação ao atendimento à população e principalmente aqueles em situação de profunda vulnerabilidade que é grande parte da população brasileira, a alocação de recursos públicos com maior justiça é o foco aqui. Ainda há o papel de divulgação de informação.

Vivemos em um país em que um grande parcela da população não teve acesso a uma educação de qualidade, quando teve acesso a pelo menos alguma educação. Para agravar vemos uma classe média que teve acesso a educação mas uma educação mais tecnicista e menos humanista e de formação de cidadania, então também esta parcela da população não sente-se responsável, não compreende os processos históricos de desigualdade e foi hipnotizada por um discurso extremista que produz um distanciamento ainda maior em uma guerra entre "nós e eles". Desta forma o papel da informação é a tentativa de educar esta sociedade em uma ética da saúde e da solidariedade.

O trabalho é gigantesco e os desafios quase insuperáveis uma vez que no meio de tudo isto ainda temos um governo travando uma guerra visando a eleição de 2022. Com relação ao dilema entre vida x economia, este dilema não existe, este é mais um fantoche criado visando 2022, a vida sempre vem em primeiro lugar. É claro que viveremos uma profunda crise mundial, e isto não ocorre por causa da quarentena, ocorre por causa desta pandemia. Sem a quarentena vamos viver uma crise maior ainda.

O que fica claro hoje é que será preciso uma ação profunda dos governos na economia, a tentativa dos governos de se isentarem da responsabilidade pela economia é inútil e somente vai aprofundar a crise. Precisaremos por um bom tempo de programas de renda mínima (na verdade só estamos adiantando o que naturalmente iria acontecer num breve futuro.), auxílio a pequenos negócios com juros zero, e uma tributação de grandes fortunas, sem uma ação do governo esta crise se estenderá por muito tempo. Infelizmente o que vemos hoje de ação do governo executivo é muito pouco, além de um grande atrapalho para os agentes que estão, de fato, cuidando do não agravamento da pandemia.

sábado, 9 de maio de 2020

Uma brevíssima crítica religiosa.


 

Deus não causa mais espanto atualmente. O temor e tremor não existem mais, não tem mais espaço na vida do ser humano contemporâneo. Apesar de muitas vezes negar a ciência, o homem, de forma geral aceita as explicações sejam com fundamentação científica, ou, cientificista, independente disto é o homem que apresenta as resposta, estando elas corretas ou não.

Então qual o papel de Deus, para aqueles que de alguma forma seguem alguma religião?


É o papel de um Deus pessoal, tão pessoal que a sua principal preocupação, isto é a preocupação deste deus é a felicidade e bem estar do fiel que o segue. Este deus já não apresenta um grande sistema de valores para uma sociedade, mas apresenta-se como um realizador de desejos do homem, desejos humanos, demasiadamente humanos. Atualmente fazer a vontade de Deus é ter os desejos humanos satisfeitos, e nesta lógica isto faz todo o sentido, se neste momento o conceito que é passado é que Deus quer a felicidade incondicional do homem, logo fazer a vontade de Deus é realizar a vontade do homem.



Não é de se espantar que na era da mediocrização tenhamos também mediocrizado a religião, contribuindo para uma sociedade extremamente infantilizada, com pouquíssima responsabilidade pessoal e comunitária, não se engane o hedonismo é a grande marca atual, inclusive nas igrejas. Vivemos a era da experiência, queremos sentir coisas novas (natural para uma sociedade que perdeu completamente o sentido pelo transcendente) por isto precisamos de novidades que nos estimulem, novidades sensoriais, e a experiência religiosa se enquadra nesta categoria, a religião também se torna um objeto utilitarista e niilista, assim como tantos outros aspectos da sociedade como por exemplo a educação.

 Desta forma a boa religião não é aquela que cuida dos pobres, das viúvas e dos desamparados, mas aquela que possibilita que após o final do culto EU me sinta melhor, com mais âmimo, que EU tenha recebido promessas de deus para a MINHA vida, a melhor religião é aquela que apresenta as melhores formas de “mover a mão de deus” para atender a MIINHA necessidade. Substituímos a religião do nós pela religião do EU.

domingo, 19 de abril de 2020

Algumas observações sobre o Coronavirus.

1º) Liberar o dinheiro não significa liberar o controle. Na medida há ferramentas de controle e o estado que não justificar os gastos ou houver alguma irregularidade para de receber os valores.

2º) Ninguém está dizendo que a falta de vagas em hospitais é de hoje. Este um problema de muito tempo. Porém nos últimos anos tem havido uma campanha contra o SUS, e hoje percebemos a importância e magnitude de um sistema de saúde como o do Brasil. A lição que fica é que o SUS deve ser reforçado e ampliado bem como com uma gestão eficiente.

3º) Com relação municípios e os casos em sí. Não sei exatamente esta estatística, de quantos tem e quantos não tem. Parece-me razoável que existam municípios que não tenham casos realmente. Mas compreender que esta é uma doença que se espalha. Como é um vírus importando, é razoável compreendermos que primeiro ele atinge os grandes centros urbanos (onde há mais trânsito internacional) por isso que uma medida de fechar as rodoviárias e aeroportos é importante. Segundo que a impressa de que no Brasil o vírus está contaminado menos (2.000 mortes) e por isso não precisaria de quarentena é um raciocínio, ignorante por parte de alguns e de má fé por parte de outros, uma vez que a contaminação só está um pouco mais lente em decorrência de que o Brasil, em boa parte do território nacional, efetuou a quarentena de forma um pouco mais rápida. Então obviamente o contágio é menor por causa da quarentena. 

4º) A autonomia deve sim, ficar com os Estados e municípios. Eles têm mais agilidade de lidar com informação da quantidade de contaminados e de leitos disponíveis. Lembre-se que não há uma determinação de quarentena total no Brasil. Fora algumas cidades em que o quadro já está apresentado o colapso do sistema de saúde, como é o caso de São Paulo e do Amazonas por exemplo.

5º) Os Estados não tem como emitir títulos ou captar recursos ou até imprimir dinheiro. O Governo Federal tem essa capacidade.  Ninguém está acusando o governo Federal de não gerir a economia neste momento, o Brasil ainda não tinha saído da crise que havia se instalado, o crescimento para esse ano já estaria perto do 0%. Como já disse o Brasil já vinha mantendo os 12 milhões de desempregados (que ninguém lembrava mais...). O Governo Federal vai, sim ter que financiar os Estados por um tempo, isso vai acontecer em todo o mundo. Estamos vivendo um período de anormalidade.

6º) Novamente, a quarentena não precisa ser na mesma intensidade em todo o território nacional e, não está sendo. Porém precisamos entender que a curva de contaminação ainda não está descendo, e não vai descer tão cedo. A luta é para que ela não cresça exponencialmente de forma abrupta para que se possa gerir o sistema de saúde. Esta pandemia não vai desaparecer tão cedo, é provável que tenhamos que intercalar período de liberação geral da movimentação das pessoas com períodos de quarentena, por isso é importante o monitoramento severo dos casos de contaminação.

7ª) Não entendo onde o congresso está contra, ao contrário, a grande maioria das iniciativas do combate ao vírus veio do próprio congresso, dos Estados e da iniciativa privada. O governo federa estava em uma inércia profunda. A ideia do orçamento de guerra não foi do governo federal, o valor de auxílio de R$ 600,00 não foi do governo federal ( o valor sugerido era R$ 200,00). O único empecilho que o congresso colocou, corretamente, foi salientar ao presidente que ele não tem autonomia para destituir a quarentena dos Estado conforme ele queria. Qual outro impedimento? Claro a ajuda dos Estados, o governo federal queria os Governadores com o pires na mão implorando recursos para a presidência, quando isso não aconteceu o Governo Federal ficou louco (mais louco).

8º) O que o presidente está fazendo é estimulando a desobediência civil nos estados / cidades onde a quarentena é extremamente importante, ele estimula os seu séquito a tentarem pressionar os governadores e prefeitos, desobedecendo as normas estaduais e municipais.  Novamente vale o raciocínio que expressei no post original.

9º) Novamente, ninguém está falando em paralização total, em nenhum lugar do mundo ocorreu uma tal paralização total em que nem caminhoneiros ou qualquer tipo de transporte pudessem transportar alimentos por exemplo. Essa ideia é sem sentido e usada de má fé. Novamente o objetivo da quarentena é diminuir o ritmo do contágio, restringindo a quantidade de gente que poderia ser contaminada e contaminar, mas isso parece ser tão difícil de entender... Restringindo a movimentação de serviços não essenciais também estamos protegendo aqueles que necessitam estar nas ruas por serem prestadores de serviços de sustentação para a sociedade, mas isso também parece tão difícil de entender...

E finalmente,

10º) O Coronavírus não é um plano maligno dos comunistas para tirar da presidência o Messias. As ações de restrição e quarentena estão sendo adotadas por 99% dos países do mundo (a exceção de 3 ou 4 países menores onde o sistema é ditatorial, inclusive, pasmem, de esquerda). Haverá recessão global.