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domingo, 17 de maio de 2020

Breves reflexões: Como a Bioetica pode auxiliar na discussão da pandemia. No dilema vida x economia?

Penso que a bioética tem um papel fundamental com relação a discussão relacionada a pandemia, uma vez que sua preocupação básica se dá com relação a dignidade humana e com o cuidado com a vida. O primeiro aspecto neste momento é com a prudência, em decorrência de várias questões. Estamos lidando com uma doença que ainda não sabemos toda as suas implicações biológicas, alguns aspectos novos tem surgido a cada dia, por isso é importante o cuidado na tomada de cada decisão com relação ao tratamento.

É uma doença a qual ainda não se tem uma medicação eficiente, tampouco uma vacina, por isso o máximo que se pode fazer é tentar potencializar uma resposta natural do corpo. Então a bioética entra nestas discussões de como o tratamento pode afetar o indivíduo como um todo, e como as políticas públicas podem ser mais eficientes com relação ao atendimento à população e principalmente aqueles em situação de profunda vulnerabilidade que é grande parte da população brasileira, a alocação de recursos públicos com maior justiça é o foco aqui. Ainda há o papel de divulgação de informação.

Vivemos em um país em que um grande parcela da população não teve acesso a uma educação de qualidade, quando teve acesso a pelo menos alguma educação. Para agravar vemos uma classe média que teve acesso a educação mas uma educação mais tecnicista e menos humanista e de formação de cidadania, então também esta parcela da população não sente-se responsável, não compreende os processos históricos de desigualdade e foi hipnotizada por um discurso extremista que produz um distanciamento ainda maior em uma guerra entre "nós e eles". Desta forma o papel da informação é a tentativa de educar esta sociedade em uma ética da saúde e da solidariedade.

O trabalho é gigantesco e os desafios quase insuperáveis uma vez que no meio de tudo isto ainda temos um governo travando uma guerra visando a eleição de 2022. Com relação ao dilema entre vida x economia, este dilema não existe, este é mais um fantoche criado visando 2022, a vida sempre vem em primeiro lugar. É claro que viveremos uma profunda crise mundial, e isto não ocorre por causa da quarentena, ocorre por causa desta pandemia. Sem a quarentena vamos viver uma crise maior ainda.

O que fica claro hoje é que será preciso uma ação profunda dos governos na economia, a tentativa dos governos de se isentarem da responsabilidade pela economia é inútil e somente vai aprofundar a crise. Precisaremos por um bom tempo de programas de renda mínima (na verdade só estamos adiantando o que naturalmente iria acontecer num breve futuro.), auxílio a pequenos negócios com juros zero, e uma tributação de grandes fortunas, sem uma ação do governo esta crise se estenderá por muito tempo. Infelizmente o que vemos hoje de ação do governo executivo é muito pouco, além de um grande atrapalho para os agentes que estão, de fato, cuidando do não agravamento da pandemia.

sábado, 9 de maio de 2020

Uma brevíssima crítica religiosa.


 

Deus não causa mais espanto atualmente. O temor e tremor não existem mais, não tem mais espaço na vida do ser humano contemporâneo. Apesar de muitas vezes negar a ciência, o homem, de forma geral aceita as explicações sejam com fundamentação científica, ou, cientificista, independente disto é o homem que apresenta as resposta, estando elas corretas ou não.

Então qual o papel de Deus, para aqueles que de alguma forma seguem alguma religião?


É o papel de um Deus pessoal, tão pessoal que a sua principal preocupação, isto é a preocupação deste deus é a felicidade e bem estar do fiel que o segue. Este deus já não apresenta um grande sistema de valores para uma sociedade, mas apresenta-se como um realizador de desejos do homem, desejos humanos, demasiadamente humanos. Atualmente fazer a vontade de Deus é ter os desejos humanos satisfeitos, e nesta lógica isto faz todo o sentido, se neste momento o conceito que é passado é que Deus quer a felicidade incondicional do homem, logo fazer a vontade de Deus é realizar a vontade do homem.



Não é de se espantar que na era da mediocrização tenhamos também mediocrizado a religião, contribuindo para uma sociedade extremamente infantilizada, com pouquíssima responsabilidade pessoal e comunitária, não se engane o hedonismo é a grande marca atual, inclusive nas igrejas. Vivemos a era da experiência, queremos sentir coisas novas (natural para uma sociedade que perdeu completamente o sentido pelo transcendente) por isto precisamos de novidades que nos estimulem, novidades sensoriais, e a experiência religiosa se enquadra nesta categoria, a religião também se torna um objeto utilitarista e niilista, assim como tantos outros aspectos da sociedade como por exemplo a educação.

 Desta forma a boa religião não é aquela que cuida dos pobres, das viúvas e dos desamparados, mas aquela que possibilita que após o final do culto EU me sinta melhor, com mais âmimo, que EU tenha recebido promessas de deus para a MINHA vida, a melhor religião é aquela que apresenta as melhores formas de “mover a mão de deus” para atender a MIINHA necessidade. Substituímos a religião do nós pela religião do EU.