(segunda-feira, 8 de setembro de 2008 às 20:03)
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Os crentes eram discriminados e perseguidos. Os crentes eram convertidos e conheciam o Plano de Salvação e... os crentes conheciam a Bíblia. Aliás, depois dos epítetos de "novas-seitas" e "bodes" eles eram conhecidos como "os Bíblias". "Fulano é um Bíblia...". Isso porque assim que alguém se convertia, a primeira coisa que fazia era comprar uma Bíblia. O Brasil era um país de uma imensa maioria de analfabetos, e raríssimos católico romanos possuíam uma Bíblia (que eram caras). As edições protestantes, que começaram a chegar regularmente ao Brasil há exatos duzentos anos, com a vinda da Família Real, era a da tradução de João Ferreira de Almeida, e de capa preta. Como ninguém tinha automóvel, lá iam heróicos e orgulhosos, os homens de paletó e as mulheres bem vestidas, com sua reluzente Bíblia de capa preta debaixo do braço, sob os olhares e os murmúrios de censura dos que os viam passar. Gente que não sabia ler levava a Bíblia, assim mesmo, como símbolo, e procuravam aprender a ler, para poder ler a Bíblia. Os novos convertidos eram submetidos, imediatamente, a um curso intensivo sobre as Sagradas Escrituras, aprendendo a distinguir Antigo de Novo Testamento, capítulo de versículo, e livro histórico de livro poético, além de memorizar versículos considerados importantes para o evangelismo e para a santidade. Nos cultos de estudos bíblicos, havia uma espécie de "gincana", para ver quem achava determinado versículo primeiro. As edições protestantes da Bíblia eram queimadas em praça pública por beatos enfurecidos, estimulados por sacerdotes radicais. Tais Bíblias eram consideradas "falsas", e muita gente se converteu por comprá-las por mera curiosidade. Houve casos de que os chamados "colportores" (vendedores itinerantes de Bíblias) que se adentravam no interior do país montados em mulas, deixavam uma Bíblia em um povoado, vila ou cidade, e, regressando um ou dois anos depois, encontravam uma Igreja funcionando, sem qualquer vínculo com organizações, fruto da mera leitura do texto sagrado. Quando se cantava "Minha Bíblia, meu prazer, meu tesouro quero ter" ou "Enquanto ó Salvador teu Livro eu ler, meus olhos vem abrir, pois quero ver", os crentes davam certo... Texto de Robson Cavalcanti - Bispo Anglicano Em http://www.dar.org.br/files/news/news_item.asp?NewsID=4544 |
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