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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

A violência, policial nossa de cada dia...

 

Rotineiramente o Brasil passa por períodos onde o caos na segurança pública aumenta a níveis astronômicos, e para piorar o cenário, outro problema está se tornando sistêmico: a violência policial. Não se trata de eventos isolados, fruto do acaso, ou por um problema momentâneo, mas sim de um sistemático descaso com a segurança pública, e com os direitos humanos.

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2019, 11 a cada 100 mortes violentas intencionais foram provocadas pelas Polícias, em 2018 foram 6.220 vítimas destes 99,3% eram homens, 77,9 % tinham entre 15 e 29 anos e,  75,4% eram negros. Este quadro demostra claramente quem são as principais vítimas da violência policial.

Segundo Thomas Hobbes, no seu livro Leviatã o acordo para que a sociedade permitisse a existência de um poder regulador sobre a vida dos indivíduos era que, este poder de força seria cedido em troca da garantida de segurança, isto é, nos submetemos às leis e a autoridade para que esta mesma nos garanta a tranquilidade e segurança em nossas vidas cotidianas.

O uso da força, da violência por parte da polícia sempre deve ser uma ação reativa. Isto é, a polícia reage a violência, ela não promove a ação violenta. Não se pode admitir que a polícia exerça uma ação antes de ser provocada por uma ação e a resposta deve ser igual ao grau de violência, e não a exceder. Isto   faz parte do escopo da ação policial, e todo policial deve ser treinado para isto. Este procedimento é parte do risco da sua profissão, e é por isto que a polícia deve ser valorizada e respeitada.

Porém quando este preceito deixa de ser respeitado a polícia deixa de ser uma segurança para ser um perigo, a todo e qualquer indivíduo. Há aqueles que sempre argumentam que, “bandido bom é bandido morto”, frase infelizmente popularizada por muitos programas apelativos de televisão. Cabe lembrar que no Brasil não existe pena de morte, e mesmo que existisse, não isentaria do processo legal. Em nenhuma parte do mundo ocorrem execução sumárias pelas forças policiais, as quais não estão investidas do poder judiciário. O fato é que este procedimento inverte toda a lógica normal da sociedade, o policial torna-se um assassino e o suspeito, claramente é a vítima, e não há outra forma de se nominar o fato, se o agressor  foi privado do justo processo de acusação, com a possibilidade de defesa, e caso condenado, cumprir a pena de acordo com o código penal, que não é a pena de morte. O Estado brasileiro, vem, constante e sistematicamente falhando na condução de ambiente de segurança pública. É preciso que retomemos a um estado justo e cumpridor dos acordos sociais, que possibilite direcionar e facilitar caminhos para o desenvolvimento social, garantindo a segurança pública e que respeite o arcabouço legal sustentado na constituição e na normatização jurídica.

 

https://www.forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2019/10/Anuario-2019-FINAL_21.10.19.pdf

 



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