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sexta-feira, 26 de março de 2021

Sentido da Vida - Reflexões primeiras.

 


Algum tempo  havia sintetizado algumas reflexões na seguinte frase:

“Melhor não ser, do que ser, porém depois que se é, melhor é ser do que não ser.”

Porém a questão ainda me incomodava justamente pela pulsão de vida que acompanha o ser, faltava entender melhor a razão de ser e o sentido para a vida. Buscava uma resposta imanente e não transcendente ou religiosa, uma que respondesse filosoficamente a questão. Bem para isso precisava limitar a resposta ao fenômeno concreto, sem especulação transcendental, assim é necessário aceitar o dado posto, há vida, isto é evidente, um fato. Aqui entra então o objetivo da vida, porém perguntar pelo objetivo da vida já parece ser algo transcendental, que exigiria uma resposta religiosa, porém podemos simplificar e apenas ficar nos fatos concretos, e sendo assim a resposta é simples, o objetivo da vida é a manutenção da própria vida. Todo o organismo é estruturado para a manutenção da vida e reprodução, isto é, manutenção e perpetuação da vida. O princípio básico da vida satisfaz a todos os animais, que buscam, usando o preceito do utilitarismo, fugir da dor e buscar o prazer. Em linhas gerais a manutenção da vida é a função de todo aparelho biológico, satisfeito de modo primário na busca da alimentação, procriando e fugindo de predadores. Menos para a espécie humana. Os seres humanos desenvolveram um cérebro mais sofisticado que possibilitou a consciência e o desenvolvimento da inteligência, e, desta forma as características para a satisfação da vida se ampliou. O ser humano então passa a ter uma narrativa, é um ser histórico e desta forma busca dar sentido a sua história, precisa encontrar um significado que lhe satisfaça. Apesar das necessidades básicas, alimentar-se, procriar e proteger-se, para o ser humano a satisfação destas não é mais suficiente, apesar de ainda serem as básicas.

A partir destas ideias podemos refletir a consequente teoria da dignidade humana que pode ser descrita na garantia do desenvolvimento pleno das condições humanas para que este atinja o seu potencial desejado, como sentido de realização de vida. Isto posto o direito da realização pessoal, é o sentido de dignidade humana, dignidade da vida humana.  No ser humano o sentido da vida vai além da manutenção biológica para atingir a compreensão de sentido de história pessoal, por isso também a responsabilidade individual pelo seu sentido de vida, e coletivo para proporcionar a todo indivíduo esta possibilidade.

Cabe ainda compreender se essa capacidade evolutiva foi um acerto ou um grande erro, por um lado capacitou a espécie humana a dominar, garantindo a manutenção e propagação da espécie, gerou uma maior possibilidade de alimentação com menor esforço, e reduziu o risco de predadores. Por outro lado, tornou o outro da sua própria espécie um predador potencial, coisa rara nos outros animais. Acarretou a busca por sentido da vida, e a angústia existencial perante a finitude, além de provocar um desequilíbrio ecológico.

Obviamente estas são reflexões iniciais e não sistematizadas, é preciso aprofundar e submeter à critica para verificar se tem um fundamento e se pode ser ampliada. A princípio me satisfaz como uma resposta filosófica para o sentido da vida.


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