Algum tempo havia sintetizado algumas
reflexões na seguinte frase:
“Melhor não ser, do que ser, porém depois que
se é, melhor é ser do que não ser.”
Porém a questão ainda me incomodava justamente
pela pulsão de vida que acompanha o ser, faltava entender melhor a razão de ser
e o sentido para a vida. Buscava uma resposta imanente e não transcendente ou
religiosa, uma que respondesse filosoficamente a questão. Bem para isso
precisava limitar a resposta ao fenômeno concreto, sem especulação
transcendental, assim é necessário aceitar o dado posto, há vida, isto é
evidente, um fato. Aqui entra então o objetivo da vida, porém perguntar pelo
objetivo da vida já parece ser algo transcendental, que exigiria uma resposta
religiosa, porém podemos simplificar e apenas ficar nos fatos concretos, e
sendo assim a resposta é simples, o objetivo da vida é a manutenção da própria
vida. Todo o organismo é estruturado para a manutenção da vida e reprodução, isto
é, manutenção e perpetuação da vida. O princípio básico da vida satisfaz a
todos os animais, que buscam, usando o preceito do utilitarismo, fugir da dor e
buscar o prazer. Em linhas gerais a manutenção da vida é a função de todo
aparelho biológico, satisfeito de modo primário na busca da alimentação, procriando
e fugindo de predadores. Menos para a espécie humana. Os seres humanos desenvolveram
um cérebro mais sofisticado que possibilitou a consciência e o desenvolvimento
da inteligência, e, desta forma as características para a satisfação da vida se
ampliou. O ser humano então passa a ter uma narrativa, é um ser histórico e
desta forma busca dar sentido a sua história, precisa encontrar um significado
que lhe satisfaça. Apesar das necessidades básicas, alimentar-se, procriar e
proteger-se, para o ser humano a satisfação destas não é mais suficiente,
apesar de ainda serem as básicas.
A partir destas ideias podemos refletir a consequente
teoria da dignidade humana que pode ser descrita na garantia do desenvolvimento
pleno das condições humanas para que este atinja o seu potencial desejado, como
sentido de realização de vida. Isto posto o direito da realização pessoal, é o
sentido de dignidade humana, dignidade da vida humana. No ser humano o sentido da vida vai além da
manutenção biológica para atingir a compreensão de sentido de história pessoal,
por isso também a responsabilidade individual pelo seu sentido de vida, e coletivo
para proporcionar a todo indivíduo esta possibilidade.
Cabe ainda compreender se essa capacidade
evolutiva foi um acerto ou um grande erro, por um lado capacitou a espécie
humana a dominar, garantindo a manutenção e propagação da espécie, gerou uma
maior possibilidade de alimentação com menor esforço, e reduziu o risco de
predadores. Por outro lado, tornou o outro da sua própria espécie um predador
potencial, coisa rara nos outros animais. Acarretou a busca por sentido da vida,
e a angústia existencial perante a finitude, além de provocar um desequilíbrio ecológico.
Obviamente estas são reflexões iniciais e não
sistematizadas, é preciso aprofundar e submeter à critica para verificar se tem
um fundamento e se pode ser ampliada. A princípio me satisfaz como uma resposta
filosófica para o sentido da vida.
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