Autor : José Comblin
Ed. Paulus
José Comblin faz uma excelente avaliação dos desafios da cidade no século Xxi e a relação destes desafios com a postura da igreja. Apesar da magnitude do tema o livro de Comblin e fino, sem ser superficial, a análise não fica na obviedade apesar de que, confessado pelo autor, muito do que ele diz já foi dito outras vezes, mas ainda é necessário que se repita.
A análise do relacionamento das CEB x Igreja como organização e o sufucamento da primeira pela estrutura política da segunda é muito interessante, podemos ver o quanto a sociedade perde quando o poder organizado sente suas estruturas ameaçadas.
Sua frase na pg 25 bem que poderia, guardada as devidas particularidades, ter o mesmo resultado com relação à alguns movimentos evangélicos :
“As pessoas que freqüentam a igreja para buscar remédios e satisfações na vida não se sentem comprometidas com a Igreja. O seu compromisso é com o santo, e nada mais. Não se sentem comprometidas a participar de comunidades cristãs, aceitar a disciplina da Igreja e, muito menos seguir a regra do evangelho.”
Ao final da leitura do livro fica mais claro a distorção entre o cristianismo e a religião atual, a entrega que foi feita do evangelho às exigências do mercado neoliberal, visando suprir a crescente necessidade por felicidade, caracterizada pelo bem estar corporal.
Se observarmos seriamente veremos que a satisfação corporal também tinha seu espaço no evangelho, Jesus curou enfermidades físicas, psicológicas ou seja Jesus entendia a necessidade das pessoas e que vivemos neste mundo, em um corpo físico e que desejamos viver neste mundo com um corpo físico e preferencialmente com gozando de saúde e bem estar físico, e se possível agregando prazer,satisfação e conforto.
Atender as necessidades de saúde e bem estar do individuo não era problema para Jesus, porém a mensagem que Jesus passava era de que está não deve ser o nosso objetivo ultimo, nossa busca final, o físico é uma parte do individuo e não deve ser a maior. A realidade ultima que Jesus aponta é a espiritualidade como porta de acesso para o eterno e possibilidade de sentir-se pleno, não disfarçando o desespero pela finitude, como as religiões modernas fazem, ou seja não substituindo a realidade da morte com uma tentativa de viver o “presente eterno” alienando-se através do consumismo.
A reflexão de Comblin, baseia-se no paradoxo atual que as religiões estão enfrentando, e a grande questão que se impõe neste contexto é : Até que ponto isso é cristianismo?, até que ponto rendemos os profundos conceitos do Reino, propagados nos evangelhos, pelos conceitos de mercado capitalista? Até que ponto nos rendemos a filosofia e conceitos propagados atualmente?
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